Os primeiros professores de yoga no Brasil

 

Os primeiros professores de yoga no Brasil
A história do yoga transcende o mero "copiar e colar" de informações da internet, especialmente quando se trata dos instrutores pioneiros no Brasil. Para quem não leu o texto anterior, recomendo “Como o yoga chegou no Ocidente?” antes de seguir essa leitura. Para quem já segue o fio, vamos adiante.  Este texto é embasado no curso “A História do Yoga no Brasil” do professor Roberto de Andrade Martins, físico, filósofo e historiador da ciência, além de professor do pensamento indiano em diversos cursos de formação e extensão em yoga. Ele conduziu uma pesquisa seguindo os princípios do projeto Modern Yoga Research, que busca conhecer as origens do yoga por meio de pesquisas baseadas em análises de fontes primárias, mantendo distanciamento crítico dos personagens e instituições. Após uma extensa abordagem sobre as origens e a introdução dessa tradição no Ocidente, Martins realizou um levantamento sobre os primeiros professores de yoga no Brasil, esclarecendo eventuais equívocos sobre a história dessa prática milenar em solo brasileiro.

A lenda argentina de Mascheville
Existem menções na internet de que o yoga teria sido introduzido no Brasil em 1924, pelo músico e violinista francês Albert Raymond Costet de Mascheville (Cedaior), por meio da Escola Francesa de Yoga. Esta escola teria sido fundada na Argentina em 1910. Há confusões também com o nome do filho dele,  Léo Costet de Mascheville (Jehel), que veremos mais adiante. Alguns relatos afirmam que Cedaior foi iniciado no yoga por Paul Sédir, um escritor e membro da Ordem Martinista, uma corrente maçônica de misticismo judaico-cristão do século 18. É importante notar que Sédir nunca abordou o tema do yoga em suas obras, exceto em um livro sobre "faquerismo hindu", publicado em 1906. Mascheville também costumava afirmar que foi iniciado por Vayusattwa, um mestre espiritual que aparecia em visões. 

Em 1910, o francês mudou-se com sua família de Paris para Buenos Aires, continuando a escrever livros sobre as mensagens de seus mestres espirituais acerca de uma nova humanidade "ariana". Mascheville tomou a decisão, em 1919, de empreender uma viagem para divulgar suas ideias. Para financiar a empreitada, passou a lecionar francês e música em Mendonza. Durante esse período, introduziu seu filho Léo na ordem Martinista, conferindo-lhe o nome Jehel. 

Um amiga austríaca e naturista, Ida Hoffmann escreve para Mascheville em 1923. Trata-se de uma personagem interessante que aparece em algumas narrativas sobre o yoga no Brasil. Apesar de postagens afirmarem que ela fundou a Escola Internacional de Yoga, em 1900, na Suíça, não há registros dessa escola, mas sim, de uma comunidade chamada “Sanatório Monte Verità”, com dieta vegetariana, banhos de sol, palestras sobre ocultismo e uma proposta anticonvencional de amor livre. As pesquisas afirmam que não houve influência do pensamento indiano na criação da comunidade e nenhum registro da fundação de uma escola de yoga. Em 1920, devido a tensão da Primeira Guerra Mundial, a comunidade é fechada. 

Após a troca de correspondências, Ida Hoffmann vem para o Brasil e encontra Mascheville. Juntos, eles tentaram criar comunidades alternativas em Santa Catarina, Paraná e Goiás, mas nunca conseguiram recriar o sucesso de Monte Verità. Ida faleceu em São Paulo, em 1926. As pesquisas revelam que Mascheville se dedicou, posteriormente, a temas como astrologia e sismologia, além de continuar lecionando música (violino) e francês, com aulas amplamente divulgadas em anúncios de jornais da época. Nunca foi encontrada qualquer referência ao yoga ao longo de sua carreira no Brasil. Ele faleceu em 1943, em Porto Alegre (RS).

Asuri Kapila e Jehel (Sevananda) chegam desde o Uruguai
O francês, nascido em Paris, César della Rosa, conhecido pelo nome espiritual de Asuri Kapila (1901-1955), começou a publicar artigos sobre o seu curso de yoga em 1942, no Uruguai. Segundo documentos pesquisados pelo professor Roberto de Andrade Martins, Kapila era filho de artistas e passou boa parte da juventude trabalhando como marinheiro, chegando a passar pelo Brasil em 1938. No Uruguai, ele criou uma revista chamada La Iniciación, publicada de maio de 1942 até dezembro de 1947, além de um grupo de estudos esotéricos.  Um dos integrantes do grupo, é o filho de Mascheville, Léo Costet de Mascheville (Jehel). Na revista, Kapila fala da uma viagem que teria feito à Índia e anuncia um curso de yoga que duraria três anos, com noções de Hatha e Mantra Yoga. Em cada número da revista, ele publicava um pequeno artigo sobre yoga. 

Em 1943, Jehel divulga na Revista La Iniciación, informações sobre Suddha Dharma Mandalam, um movimento esotérico criado em 1915. Ele começa a iniciar um grupo de pessoas na prática desse movimento. No ano seguinte, Jehel anuncia a criação de ashrams na Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Segundo as pesquisas do professor Roberto de Andrade Martins, nenhum desses ashrams era um local físico. Em 1949, ele cria a Associação Mística Ocidental e muda o próprio nome espiritual para Sevānanda Swami, afirmando receber mensagens da Grande Fraternidade Branca, formada por mestres invisíveis, e que recebeu instruções espirituais sobre o trabalho que deveria realizar. 

Na década de 1950, Jehel (agora Sevānanda Swami), funda um mosteiro espiritual em Resende (RJ), o "Monastério Essêmio e Ashram de Sarva Yoga", com sete pessoas. Um aluno de Kapila, o argentino Ovidio Juan Carlos Trotta, chamado Vayuananda, se integra ao mosteiro, em 1954, tornando-se o professor de yoga do grupo, além de dar aulas por correspondência para todo o Brasil, uma prática comum de cursos e formação técnica naqueles tempos. Os alunos pagavam mensalmente 20 cruzeiros pelas lições. Vayuananda volta para a Argentina em 1956, após alguns desentendimentos no mosteiro, que encerra as atividades dois anos mais tarde. 

Sevānanda faleceu em 1970, em Betim (MG). A conclusão do professor Roberto Martins é de que não se pode atribuir a Sevānanda a introdução do Yoga no Brasil, pois antes de sua chegada (em 1952) já havia professores de yoga no Rio de Janeiro.

Os primeiros livros: Padmānanda e o Elo Perdido
As versões atuais sobre a história do yoga no Brasil costumam afirmam que os primeiros livros sobre essa prática milenar foram "A libertação pelo yoga" de Caio Miranda (1960) e "Autoperfeição com Hatha Yoga" (1962) do Professor Hermógenes, mas existem três livros publicados, em 1957, que até agora nunca foram estudados. "Yoga, o Elo Perdido" pela Editora Borsoi (RJ) e "Yoga, ciência do homem integral" e "Os aforismos da yoga da Patañjali", ambos pela Editora Brand (RJ), todos escritos por Padmānanda. 

O nome real do autor é Rogério Pfaltzgraff, cidadão carioca que trabalhava na área da contabilidade e administração, mas estudava yoga e Vedanta nas horas vagas desde os 12 anos. Padmānanda costumava dar cursos e conferências sobre a filosofia oriental e teve até contato Swami Vijoyananda, enviado da Ordem de Ramakrishna para a América do Sul. O primeiro livro “Yoga, o Elo Perdido” cita obras clássicas como Bhagavad-gītā, Yoga-sutras de Patañjali, Upanishads, além de trabalhos de Swami Sivananda e Ramana Maharshi, mostrando um bom conhecimento do tema e abordando meditação, prānāyāmas e mantras, por exemplo. O livro não indica prática de posturas, mas cita algumas delas como padmāsana e shavāsana. 

Em nenhum momento o autor se refere a obras da Teosofia, preferindo focar o estudo nas origens mais tradicionais da Índia. Na década de 1970, Padmānanda  chegou a presidir a Sociedade Yoga-Vedānta de Meditação.  

Caio Miranda: pioneiro em 1947
Um militar professor de yoga? Isso mesmo. Afinal, a busca pela espiritualidade chega para todos, e chegou pra esse carioca apontado como a primeira pessoa que deu aulas de yoga em terras brasileiras. O General Caio Miranda (1909-1969) era membro da Sociedade Teosófica e tinha grande interesse por ocultismo e esoterismo. Ele começou a se interessar pelo Raja Yoga em 1937, após ler o livro "Quatorze Lições sobre Filosofia Yogi" de Yogi Ramachāraka (na verdade, esse escritor era um advogado norte-americano chamado William Walker Atkinson que se “passava” por yogi). Caio afirmava que começou a dar aulas de yoga na Sociedade Teosófica e em sua própria casa, em 1947, mas não foi possível confirmar essas informações. 

As primeiras notícias do envolvimento de Caio Miranda com yoga começaram a surgir em 1951, quando ele assinou uma portaria governamental recomendando os princípios do yoga aos funcionários de uma agência do Governo Federal, para o qual trabalhava. Em 1957, então Coronel Caio Miranda, seguindo orientações de um mestre espiritual, decidiu construir uma comunidade no interior do Rio de Janeiro, no Vale do Itatiaia, o Ashram do Vale da Libertação. Dois anos mais tarde, já militar reformado aos 50 anos e com a patente de General, Caio Miranda passa a se dedicar integralmente ao yoga. 

As filhas Leda e Lia Miranda alegam que, em 1958, o pai abriu o Instituto de Yoga do Rio de Janeiro, em Ipanema, mas o registro de criação do instituto só aparece em 1960, no Diário Oficial. Caio começou a estar mais presente na mídia, em programas da TV Tupi e no Diário de Notícias, até lançar o livro "A Libertação pelo Yoga", em 1960.  A segunda obra de Caio Miranda é publicada no mesmo ano "Só envelhece quem quer" e aborda basicamente práticas de alimentação e outros comportamentos para uma vida saudável. Ainda em 1960, ele é convidado para fazer um programa semanal de rádio sobre o tema do livro. O curioso é que Caio Miranda adaptava ou “criava” algumas posturas, como invertidas “na prancha”, por exemplo. 

Em 7 de outubro de 1960, o Diário Oficial publicou que o General Caio Miranda havia conquistado a licença de "professor de yoga" pela Secretaria Geral de Educação e Cultura. Foi o único caso de uma licença para essa atividade até hoje no Brasil. Um ano depois, na autobiografia "Assim ouvi do Mestre", ele revela a criação de um curso de formação de professores, o primeiro do Brasil. As obras do professor não pararam por ai, cada vez mais dedicado aos estudos, ele publica, em 1962, "Hatha-Yoga: A Ciência da Saúde Perfeita", com fotos das filhas Leda e Lia ilustrando os āsanas. O livro traz uma descrição do corpo sutil, explicando os cakras (chakras) com base na Teosofia. Ele também volta a criar algumas posturas como Dakshinah Savasana (a postura do cadáver de barriga para baixo) e uma sequência curiosa de Surya Namaskar de pé, apenas com movimentos dos braços. 

Outra curiosidade foi o lançamento de um LP, um disco de vinil sobre yoga, o "Relax Profundo Laya-Yoga", com instruções para relaxamento. Clique aqui para ouvir.  Com sucursais do Instituto de Yoga em outros estados, Caio Miranda tornou-se o primeiro grande empresário do yoga no Brasil e chegou a propor a regulamentação do ensino dessa prática milenar nas escolas do Rio de Janeiro. O professor Caio faleceu de câncer de pulmão, em 1969, aos 60 anos.

Mulheres no yoga: as primeiras professoras no Brasil
Uma das primeiras professoras de yoga no Brasil foi Emma Vargas, húngara que dava cursos sobre dança e ginástica no Rio de Janeiro. De acordo com pesquisas, no início da década de 1950, Emma publicou anúncios promovendo seu curso de respiração "indu yogui". Vários jornais e revistas da época trazem reportagens nas quais ela é entrevistada sobre yoga. Uma dessas reportagens, na revista Fon Fon, incluía fotos de Emma demonstrando posturas e discutindo os benefícios para a saúde, juventude e beleza. Ela abordou diferentes técnicas de respiração e destacou a importância de roupas confortáveis para a prática. Em outra ocasião, ainda em 1952, Emma mencionou que o Hatha Yoga poderia ser benéfico para pessoas com asma. Apesar disso, não há registros claros sobre onde Emma aprendeu yoga, já que ela chegou ao Brasil via Uruguai em 1947. Algumas especulações sugerem que ela pode ter sido aluna de Servarajan Yesudian, um professor indiano que ensinava yoga na Hungria desde 1936.

Outra professora era Elsa Longoni, suíça, que veio para o Brasil em 1940 e atuava dando aulas de ginástica, graduada na Escola Nacional de Educação Física. Elsa abriu a Escola de Cultura Física, em Copacabana, voltada para emagrecimento e boa forma de mulheres. Em 1947, ela viajou para a Europa e estudou Hatha Yoga com Oskar Nussbaum e Servarajan Yesudian, na Suíça. De volta ao Brasil, começou a combinar as técnicas de ginástica com yoga.  Elsa faleceu aos 48 anos, em 1960. Ela não escreveu livros, mas seu principal impacto foi a introdução do yoga no treinamento de atores por meio da Fundação Brasileira de Teatro.

Professor indiano ensinou yoga no Brasil nos anos 1950
No Brasil, também houve a presença de um nativo indiano como professor, Swami Satchidananda, que deu aulas no Rio de Janeiro em 1953. Originário de Bengala e nascido em 1891, Satchidananda chegou ao Brasil em 1952 como turista, obtendo visto permanente no ano seguinte. Os jornais da época noticiaram que seus cursos representavam a primeira "escola de yoguismo" no país. Embora as informações sobre ele sejam escassas, os anúncios de jornais da época indicam que as aulas eram realizadas em um apartamento onde ele morava em Copacabana, com um número que chegou a 12 alunos.

Um mestre francês entre os cariocas: Jean Pierre Bastiou
Um dos mais influentes professores de yoga no Brasil foi o francês Jean Pierre Bastiou, nascido em Paris, em 1924. Em seu livro autobiográfico "Encontro com o Yoga", Bastiou relata sua jornada, que incluiu seu envolvimento na luta contra a invasão nazista na França durante a Segunda Guerra Mundial. Após o conflito, Bastiou frequentou a Escola Normal Superior de Cultura Física, graduando-se como professor de ginástica e desenvolvendo sua habilidade como fisiculturista.

A decisão de deixar a França surgiu quando Bastiou recebeu um convite para trabalhar em uma academia em Copacabana, em 1952. Dois anos mais tarde, inaugurou sua própria academia. Seu porte atlético lhe rendeu o apelido de "Apolo parisiense" pela imprensa, contribuindo para a promoção de sua imagem na época.

Bastiou afirmava ter aprendido Hatha Yoga em Rennes, na França, com um mestre indiano, em troca de aulas de ginástica, embora nunca tenha revelado o nome dele. Com a autorização do mestre espiritual de Rishikesh, Swami Sivananda, Bastiou fundou a "Sivananda School of Hatha-Yoga of Rio de Janeiro" em 1958, após concluir o curso de formação de professores no Yoga Institute, na Índia.

Ao longo dos anos, Bastiou desempenhou um papel fundamental na disseminação do yoga no Brasil. Em 1963, fundou a Sociedade Brasileira de Estudos de Yoga e organizou várias viagens à Índia na década de 1970. Bastiou faleceu na França, aos 92 anos, em 2016.

São Paulo investe no yoga  
Costureira e professora de ballet, Celeste Castilho (1923-2016) era aluna de Shotaro Shimada (1928-2009), um praticante de judô de ascendência japonesa que mergulhou nos estudos do yoga em São Paulo, dando início a uma tradição significativa na cidade. A história dos dois se entrelaça e dá início aos primeiros passos da prática de yoga na metrópole paulistana.

A jornada de Shotaro começa em 1951, quando ele se depara com o livro "A Ciência Indu-Yogi da Respiração", de Ramacharaka, um autor norte-americano que se fazia passar por yogi. Naquela época, o yoga ainda era associado a excentricidades de faquires, suscitando preconceitos. Por isso, Shotaro optou por ministrar aulas de judô e o que chamava de "ginástica respiratória", temendo a rejeição em relação ao yoga.

Em abril de 1958, ele estabelece o Instituto de Cultura Yoga Shimada, embora inicialmente tenha poucos alunos. A situação econômica só se estabiliza em 1960, quando ele passa a lecionar por 15 minutos no programa "Revista Feminina", da TV Tupi, levando alunas para demonstrar as posturas, incluindo Celeste Castilho. O entusiasmo de Celeste pela prática a impulsiona a tornar-se instrutora, expandindo suas atividades para renomados clubes como o Jockey Club de São Paulo e o Clube Athletico Paulistano.

Celeste desempenhou um papel fundamental na organização do primeiro curso de pós-graduação em yoga pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) em 1995, deixando um legado duradouro. Ela faleceu aos 93 anos, em 2016, enquanto Shotaro nos deixou um pouco antes, em 2009, aos 81 anos. Suas contribuições foram fundamentais para estabelecer a base para a prática e o ensino do yoga em São Paulo.

Com atuação já nos anos 1970, vamos acrescentar aqui um nome da capital paulista importante para colocar o Brasil no mapa do yoga, Maria Helena de Bastos Freire (1927-2016). Aos 34 anos, mãe de dois filhos, ela decidiu praticar yoga com Celeste Castilho no Instituto Shotaro Shimada.

Logo em seguida, Maria Helena tomou a iniciativa de fundar seu próprio instituto. Assim, em 1965, estabeleceu o Centro de Estudos de Yoga Nārāyāna, localizado no bairro Consolação. Rapidamente, o centro se tornou um sucesso, contando com seis professoras em apenas dois anos. Inicialmente, as professoras eram as melhores alunas, mas Maria Helena logo percebeu a importância de uma formação mais estruturada. Assim, ela buscou aprimoramento participando de um congresso da International Yoga Teachers Association (IYTA) na Austrália, em 1971.

Antes de avançar nos padrões de ensino, Maria Helena voltou para o Brasil com a ideia de realizar o primeiro congresso de yoga no país. Ela decide, então, viajar à Índia e pessoalmente convidou nomes importantes como Pattabhi Jois e Iyengar. Paralelamente à preparação do congresso, anunciou o primeiro curso de formação de professores, seguindo as normas da IYTA, que demandava quatro anos de ensino e um total de 2.200 horas, similar aos cursos superiores de licenciatura. Apesar das expectativas para 1973, o evento enfrentou uma série de polêmicas: Hermógenes ficou ofendido por não ter sido convidado para uma reunião sobre o congresso e professores cariocas ficaram insatisfeitos pelo fato de os palestrantes serem todos estrangeiros.

E as complicações não pararam por aí. Uma denúncia anônima sugerindo que os professores indianos eram terroristas levou o governo militar a negar os vistos de entrada para os convidados. Não se sabe como, mas apenas o médico ayurvédico Bhagwan Dash conseguiu comparecer, representando a Índia, mesmo sem visto. Apesar do boicote do Rio de Janeiro, a organização divulgou a participação de 350 pessoas no evento, realizado em Bertioga.

Na sequência da história, Maria Helena foi a primeira presidente da Federação de Yoga do Brasil, que uniu a Associação Brasileira dos Professores de Yoga e a International Yoga Teachers Association, em contraponto à Uni-Yoga, do professor De Rose, em 1975. Ela escreveu vários livros que contribuíram para o estudo dessa prática milenar entre os brasileiro, como "Yoga Nārāyāna ", de 1990, que aborda os princípios do yoga de forma acessível.

Hermógenes e a yoga de Deus
Retornamos ao Rio de Janeiro para destacar outro importante professor de yoga no Brasil durante a década de 1950, José Hermógenes de Andrade Filho (1921-2015), amplamente conhecido como o professor Hermógenes. Seu nome é uma presença frequente nos registros sobre a história do yoga no país, e é essencial mencioná-lo enquanto focamos nos pioneiros deste movimento. Em 1955, aos 35 anos de idade, Hermógenes foi diagnosticado inesperadamente com tuberculose, uma doença extremamente fatal na época, com tratamentos ainda pouco eficaz no Brasil. Em meio a resiliência, Hermógenes passou a fazer leituras de obras espirituais, entre elas o épico indiano Bhagavad-gītā e a versão francesa de “Sport et Yoga”, de Selvaraja Yesudian e Elisabeth Haich. Com a prática do yoga, notou melhora na saúde e ficou tão entusiasmado que passou a dar aulas na garagem de casa para um grupo de adolescentes. 

A ideia de escrever um livro logo surgiu, e Hermógenes começou a tomar notas para o que se tornaria "A Autoperfeição com Hatha Yoga". Ao contrário de Caio Miranda, Hermógenes tinha a capacidade de executar todas as posturas, tornando-se ele próprio o modelo principal para as fotografias do livro. A obra esgotou em apenas dois meses após seu lançamento. Ao longo do livro, Hermógenes mescla ensinamentos do yoga antigo com conhecimentos científicos atualizados, buscando também estabelecer conexões entre a prática do yoga e princípios cristãos, como quando menciona que "o homem (que pratica yoga) um dia poderá gloriosamente dizer como Jesus: eu e o Pai somos Um". Além das aulas gratuitas em sua garagem, Hermógenes começou a ser convidado para palestras e pequenos cursos pelo país.

Após seu divórcio, Hermógenes conheceu Maria Augusta Bicalho, uma renomada bailarina do Cassino da Urca, que não apenas se tornou sua esposa, mas também desempenhou um papel fundamental em auxiliá-lo em seu trabalho, controlando sua correspondência, supervisionando as alunas e estabelecendo diretrizes sobre vestimenta. Nas edições posteriores de "A Autoperfeição com Hatha Yoga", a introdução do livro vai mudando de acordo com o momento político, revelando o perfil conservador e militar de Hermógenes, criticando o erotismo nas artes, homossexualidade, subversão política e leituras de autores de esquerda.

Em janeiro de 1969, Hermógenes lançou "Yoga para Nervosos", que recebeu críticas por sua abordagem simplista na resolução de problemas psicológicos, sendo apontado por alguns críticos, como o professor Victor Binot, por usar conceitos estranhos à filosofia original do yoga e mostrar mais exercícios de ginástica do século 20 do que posturas de yoga. Apesar das controvérsias, Hermógenes passou a concentrar-se na temática de autoajuda e espiritualidade, introduzindo uma abordagem cristã no yoga, o que contribuiu significativamente para popularizar a prática no Brasil, mesmo que isso tenha distanciado suas interpretações da filosofia original do yoga.

Brasileiras pioneiras: Myriam Both
Já conhecemos as estrangeiras Emma Vargas (Hungria) e Eva Longoni (Suíça) como as primeiras professoras de yoga no Brasil, durante a década de 1950. No entanto, além das filhas de Caio Miranda (Leda e Lia), uma carioca se destacou muito cedo. Nascida em 1935, Myriam Both começou a praticar yoga em 1962, após enfrentar uma crise de depressão. Inicialmente, teve aulas com uma professora de origem russa chamada Olga, no Leme, antes de se tornar aluna do renomado professor Caio Miranda.

Em uma conversa por telefone que tive com Myriam em outubro de 2023, ela compartilhou sua jornada e disse que buscava um yoga menos "místico" e mais prático para o bem-estar. Após identificar-se profundamente com o yoga, Myriam foi convidada por Caio a se tornar professora. Embora tenha aceitado inicialmente, ela logo se sentiu desconfortável com o comportamento inadequado de alguns homens durante as aulas mistas.

Apesar das reclamações de assédio, o professor Caio insistia na modernidade das aulas mistas. Myriam não quis discutir e decidiu abrir a própria escola, só para mulheres, o “Instituto de Yoga Myriam Both”. Em seguida, ela lança o seu primeiro livro, "Yoga para você", que era acompanhado por um disco de vinil com orientações para a prática em casa. O áudio era resultado das aulas que ela dava ao vivo para um programa da TV Tupi. No lado A, ela explicava a filosofia yogue e os benefícios da prática para a saúde, enquanto no lado B havia uma sessão completa de yoga nidra.  Já o livro tinha uma estrutura inédita, com a descrição de sequências de āsanas, com fotos dela mesma, que podiam ser praticadas a cada capítulo. 

Em dezembro de 1972, Myriam lança “Seu Caminho no Yoga”, um livro mais aprofundado que o primeiro e incluindo uma bibliografia de autores estrangeiros, como Theos Bernard e Andre Van Lysebeth. Em 1976, o Instituto de Yoga de Miryam Both já contava com pelo menos cinco filiais no Rio de Janeiro. O sucesso do disco de vinil levou, Myriam a lançar "Yoga e Você" em 1979, seguindo a mesma estrutura de relatos e relaxamento. Ao longo de sua carreira, Myriam publicou mais cinco livros sobre yoga. Atualmente, aos 89 anos (2024), ela segue dando aulas na sua escola, agora chamada “Yoga e Harmonia”, na Tijuca, Zona Norte do Rio, além de participar de programas sociais da prefeitura. Clique aqui para ouvir a reportagem sobre os 60 anos de Myriam Both dedicados ao yoga.

Ator se torna professor de yoga e sannyasin
O carioca Victor Binot (1935-1981) participou das artes cênicas ainda criança, acompanhando sua mãe e padrasto em suas atuações em radionovelas. Desde cedo, demonstrou um espírito ativo, dedicando-se ao jiu-jitsu com Hélio Gracie e à prática de yoga em academias do Rio de Janeiro. Em 1961, se tornou auxiliar do renomado professor de yoga Jean Pierre Bastiou, eventualmente assumindo a responsabilidade pela academia.

Após a separação da esposa, Binot se viu em uma crise existencial e buscou conhecer a Índia, onde passou uma temporada no ashram de Sivananda, em Rishikesh. Um ano depois, ele foi iniciado e recebeu o nome espiritual de Sivananda Vajayanada. Em seguida, raspou a cabeça e se tornou um sannyasin, um renunciante. 

De volta ao Brasil, ele virou tema de reportagens e abriu uma academia de hatha yoga em Copacabana. Novamente, Binot enfrenta outra separação conjugal e outra viagem à Índia, em 1966, onde passa dois anos trabalhando na embaixada do Brasil, quando aproveitou para visitar escolas e se aprofundar na prática e filosofia yogue. Ao retornar ao Brasil, ele era o professor brasileiro de formação mais profunda na época, com visão clara sobre yoga moderno e tradicional, respeitado por Caio Miranda e Hermógenes, além de alertar sobre a presença de falsos gurus na cena espiritual da época. Graças às suas conexões no mundo artístico, atraiu diversos artistas para sua academia de yoga, incluindo Gilberto Gil e a cantora Joyce, que lhe dedicou uma música intitulada “Monsieur Binot”. Binot faleceu em 1981, com apenas 46 anos, de leucemia.

Yoga polêmico: Luiz Sérgio Alvarez de Rose
Como vimos até agora, a introdução do yoga no Brasil foi predominantemente através da perspectiva esotérica da Sociedade Teosófica, responsável pela tradução de antigas escrituras e tratados yogues. Nos estágios iniciais, a pesquisa sobre o yoga era limitada, resultando na formação de professores com uma base essencialmente esotérica ou até mesmo ocultista. Um exemplo é o professor carioca, Luiz Sérgio Alvarez de Rose, que teve mais atuação no yoga a partir de 1970, publicando livros como “Quando é preciso ser forte”, uma autobiografia usada no curso do professor Martins para algumas informações. De Rose dizia que começou a praticar yoga quando tinha menos de 15 anos, e iniciou os estudos lendo Vivekadanda e Indra Devi, além de participar de ordens esotéricas e ocultistas durante a adolescência.

Embora De Rose afirme ter iniciado suas atividades de ensino na sede da Ordem Rosacruz no Rio de Janeiro em 1960, não há registros que confirmem essa informação. Seu Instituto Brasileiro de Yoga teria sido estabelecido por volta dos anos 1960. Segundo sua biografia, De Rose teve uma revelação do Svasthya Yoga, pelo mestre incorpóreo Bhavajananda, com base na filosofia Sankhya e uma linha ancestral do yoga indiano, que ele descreve como "o Ashtanga Sadhana". Em 1969, ele escreve o livro “Prontuário de Yoga Antigo – Svasthya Yoga”, quando torna público o seu método. Sua abordagem incluía práticas hindus como o puja, que originalmente era um ritual de devoção a divindades, mas nas aulas de De Rose, tornava-se uma homenagem ao espaço, ao instrutor e a Shiva.

De Rose tinha sempre a intenção de “causar” e escandalizou ao usar fotos de si mesmo nu em algumas partes do livro. Um dos escandalizados foi o professor Hermógenes, com quem seguidamente trocava farpas. Outra polêmica era o cordão que De Rose usava, uma inspiração em yajñopavíta, um cordão sagrado triplo que era concedido a quem havia se iniciado em Vedanta, sendo usado no ombro esquerdo - e não no direito como De Rose preferia. Segundo a tradição hindu, o uso no ombro direito era dedicado a ocasiões negativas, como rituais para espíritos dos antepassados. 

Em 1973, De Rose começou a expandir seus interesses para o esoterismo, estabelecendo parcerias com praticantes de astrologia, ocultismo e quiromancia, resultando na formação da Universidade Livre de Ocultismo.  A revista Manchete fez uma reportagem apresentando De Rose como "representante da Ordem Macrocósmica e sacerdote rosacruciano". O texto cita ainda o Yoga Tântrico, como o "Yoga do Sexo", alegando constar em livros sagrados de 10 mil anos. Nota do professor Roberto Martins: não há na história da Índia esses livros. Nessa época ele também lança uma dança catarse chamada "Shiva Nataraja Nyasa", que inspira as famosas coreografias de āsanas, com apresentações em auditórios. Outra prática curiosa foi a Relax Neurotáctil, onde uma pessoa deitava-se no centro e um grupo e era acariciada por todos, sem regras. O objetivo, segundo De Rose descreveu à um jornal, era “conduzir o ser humano ao relaxamento nervoso até retornar à pureza”.  Nessa época, o "mestre" decide se mudar para São Paulo e começa a formar professores pelo país, por exemplo, em 1975, quando deu um curso de três dias, em Joinville (SC), que concedia um certificado e “autorização” para dar aulas de yoga.

Após uma viagem à Índia, De Rose começou a dar cursos de extensão em universidades, foi quando criou a UniYoga, União Nacional de Yoga. A polêmica sobre regulamentar a profissão de professor de yoga começou em 1978, com um projeto de lei por meio de deputado Eloy Lenzi (MDB-RS). A ideia era privilegiar a UniYoga para habilitar professores. O relator, deputado Jorge Uequed, do mesmo partido, apontou equívoco na redação, já que a entidade não representava a classe. Entre as polêmicas seguintes, em 1998, De Rose surpreendeu com um livro sobre multiorgasmo, na época ele estava casado pela 11ª vez. Uma reportagem da revista Veja, em 2000, fez uma entrevista com De Rose sobre o livro chamado “O Hiperorgasmo”, se referindo ao autor como “o carioca de voz macia e 56 anos de muita lábia” e relatando como funcionavam os grupos que praticavam o yoga sexual tântrico, onde havia uma lista de 20 “selecionados pelo guru” que participariam do “tantrismo explícito sob a batuta do mestre”. De Rose esclareceu ao repórter que não valia tudo, pois o “uso de camisinha era obrigatório e intercursos homossexuais eram proibidos.” A linhagem SwáSthia Yoga foi substituída, em 2007, pelo Método DeRose, onde ele diz que não é yoga, mas sim, o método dele: “alta performance pessoal e profissional, uma cultura baseada em conceitos para tornar nossa vida melhor”.

Argentino pioneiro do yoga no Brasil: Vayuananda
Um argentino precursor do yoga veio de Buenos Aires direto para o famoso mosteiro de Resende (RJ),  Ovídio Juan Carlos Trotta (1917-1987). Ele foi discípulo de Swami Kapila e viveu por um tempo no mosteiro com Sevananda Swami. Embora não haja uma biografia formal, fragmentos de sua vida são revelados na obra não publicada "O Livro do Yoga", gentilmente cedida pela família ao professor Roberto Martins. Em 1939, aos 22 anos, Trotta teve seu primeiro encontro com Asuri Kapila, e já no ano seguinte, assumiu a coordenação do "Grupo Independente de Estudos Esotéricos". 

A chegada de Vauyananda ao Brasil ocorreu em 1954, quando foi convidado para assumir o cargo de professor de yoga no Mosteiro de Resende. Além de ministrar aulas de yoga por correspondência para todo o Brasil, ele também exercia a função de médico no mosteiro, aplicando terapias como radiestesia, iridologia e homeopatia. No entanto, com o declínio do mosteiro em 1956, Vauyananda retornou à Argentina e posteriormente se estabeleceu na França, onde se diz ter fundado o Instituto de Yoga Integral.

Somente em 1963, ele voltou ao Brasil e foi apresentado ao professor Hermógenes, que o convidou para integrar sua academia. Dois anos mais tarde, Vauyananda e Eneida, uma aluna de Hermógenes, decidiram deixar a academia para fundar sua própria instituição, a "Academia de Ásana Yoga", nome que costumava ser usado por Asuri Kapila para se referir ao Hatha Yoga. O diferencial eram as aulas de yoga para crianças, aparentemente inspirado na escola Shantiniketan, de Rabindranath Tagore, na Índia. 

Em 1972, Vauyananda abre o primeiro curso para formação de professores de yoga. Entre as contribuições dele para o yoga no Brasil, está a ajuda para a criação da Associação Brasileira dos Professores de Yoga (ABPY), com o objetivo de unir os professores, tendo em vista modismos e brigas de egos que começavam a surgir. 

Após o falecimento de Vauyananda, sua então esposa Eneida interrompeu suas atividades como professora e se dedicou à psicologia. No entanto, em 2006, ela retornou ao ensino do yoga, participando de um curso de formação de professores de yoga para crianças no Centro de Yoga Montanha Encantada, localizado em Garopaba (SC).

Da Romênia para o Brasil: Georg Kritikós (Sarvānanda)
Repare que alguns professores de yoga tiveram visões de mestres espirituais, como o romeno Georg Kritikós (1922-1999) que também conta esse caso. Filho de um pai grego e uma mãe romena, Georg relata em sua autobiografia um episódio marcante de sua infância, quando enfrentou uma pneumonia e teve uma visão de um mestre egípcio que lhe disse: "Se prometeres dedicar tua vida aos teus semelhantes, viverás." Esse encontro passou a guiar os passos do jovem Georg, que mais tarde se estabeleceu com sua mãe no Uruguai, em 1947. Foi nesse período que ele se interessou pelo ocultismo e se tornou membro da Ordem Rosacruz. Logo, ele conheceu Sevananda e foi convidado a ingressar no mosteiro em Resende (RJ). Em 1957, Georg se casou com Irma Monteiro (Daya), uma das integrantes do mosteiro, e juntos iniciaram o Instituto Juvenis de Yoga, voltado para o bem-estar das crianças. 

Com o declínio do mosteiro, o casal fica por conta própria em Resende, com um grupo de crianças órfãs. Segundo jornais da época, em 1960, noticiava-se que 16 jovens estariam em risco de ficar sem abrigo, por falta de recursos para manter o instituto. Não se sabe ao certo o desenrolar da história, apenas que Georg passou a se dedicar a alguns cursos de yoga até se estabelecer como professor em Belo Horizonte (MG). 

Em 1972, ele publica seu primeiro livro “Yoga para Crianças”, com introdução de Hermógenes. O segundo livro, "Yoga em Casa" é lançado cinco anos depois e descrito como manual de "sarva yoga", que teria sido criada por Sevananda Swami, no mosteiro. Apesar disso, Georg afirma que a base é hatha yoga, com influências de Sivananda e Hermógenes. Em 1981, Sarvananda iniciou um curso de formação de professores em Sarva Yoga, enquanto Daya dedicava-se às terapias alternativas. Os filhos do casal foram responsáveis pela publicação do livro "Memórias" em 2000, documentando parte da trajetória e ensinamentos de Georg Kritikós.

Uma história revisitada
A conclusão que podemos chegar é que o Brasil teve muitos personagens que abriram as portas para o yoga, em meio a tempos difíceis e ao preconceito com culturas diferentes num mundo ainda longe de ser globalizado. Muitos desses nomes se perderam, outros foram introduzidos numa narrativa de promoção institucional ou por oportunidades e número de alunos ou admiradores. A pesquisa realizada pelo professor Roberto de Andrade Martins para o curso “A História do Yoga no Brasil”, delimitou as primeiras décadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas com certeza temos nomes em outras partes do Brasil que desbravaram o conhecimento oriental e trouxeram uma leitura pessoal dos benefícios dessa prática milenar. Hoje temos tantas discussões sobre o que é yoga, qual filosofia é melhor, ser místico ou não e tantos outros debates nas redes sociais, que perdemos um pouco o foco na união da qual tanto falamos na filosofia base do yoga. Lembre-se que a palavra yoga vem do sânscrito que significa união, a união com o divino dentro de nós. A ignorância produz aflições, por isso é preciso buscar o conhecimento e a filosofia com a qual você mais se identifica, sem se importar com os julgamentos ou agradar a todos. E principalmente: cultivar a tolerância e discernimento para uma vida equilibrada e em união com nossa verdadeira essência. Que todos esses nomes que nos antecederam na prática do yoga no Brasil, estejam em luz.

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