Os nove obstáculos na prática do yoga



Iniciar o sadhana (prática diária) do yoga esbarra em algumas dificuldades geralmente aceitas com conformismo e resignação por quem as enfrenta. A falta de tempo para praticar a respiração consciente (pranayama), as posturas (ásanas) e a meditação (dhyana) envolvem razões como o cansaço do trabalho diário e até mesmo cuidar dos filhos. Assim como a solução muito comum dada por especialistas para problemas financeiros, a primeira orientação é: organização. Priorize você mesmo. Como você vai cuidar dos outros se não cuida de si mesmo? A partir desse primeiro passo, você deve identificar quais são esses obstáculos e como trazer o foco para si mesmo. Nos Yoga Sutras de Patañjali (coleção de 196 aforismos sobre a teoria e prática do yoga compilados em 400 aC) são detalhados nove obstáculos: doença, letargia, dúvida, pressa ou impaciência, resignação ou fadiga, distração, ignorância ou arrogância, incapacidade de dar um novo passo e perda de confiança. (Yoga Sutra 1.30 e 1.31)

A doença (vyadhi) faz com que você adie qualquer coisa que, mesmo que possa colaborar com a cura, não pareça tão importante quanto o alívio imediato da dor. A letargia (styana) é caracterizada pela falta de energia e disposição, apontando o cansaço, a comida pesada ou o clima muito frio ou muito quente como motivos. A dúvida (samsaya) é o constante questionamento se vale a pena, muitas vezes ligado a falta de autoconfiança ou conhecimento. A pressa (pramada) faz com que não possamos nos dedicar com o tempo suficiente para surtir efeito, e assim, acaba-se por não sentir os benefícios da prática. A resignação ou fadiga (alasya) é a falta de entusiasmo naquilo que faz, acreditando que não pode ou não é o perfil ideal para tal atividade. A distração (avirati) é quando não controlamos nossa mente e deixamos que os desejos materiais tomem o controle das suas atividades, sem permitir a conexão com si mesmo. Outro obstáculo é a ignorância ou arrogância (bhrantidarsana) de achar que já alcançou seu objetivo ou seu período de tranquilidade e não precisa mais buscar uma prática de reconexão e evolução consigo mesmo. Um obstáculo semelhante é acreditar que não pode avançar mais (alabdhabhumikatva) para dar um novo passo. E, por fim, o obstáculo da perda de confiança (anavasthitatvani) crendo na ilusão de que chegou lá, mas ainda está no caminho do aprendizado.

Os obstáculos podem ser tanto uma indisposição quanto uma ilusão, mas para progredir é preciso notar que você hoje é melhor do que quando começou e pode ficar ainda melhor. Nem todos esses obstáculos vão aparecer para todos os praticantes, mas aquietar a mente com a ajuda da respiração consciente (pranayama) e da meditação (dhyana) é o principal caminho. Como observo as coisas? Quem sou eu? O que realmente importa para mim? Com a mente calma e clara, investigue os seus sentidos. Se ainda assim sentir dificuldade, Patanjali sugere no sutra 1.23 o conceito da entrega a divindade superior (Íshvarapranidhana).É a crença de que há um ser espiritual mais elevado que nós e que pode nos conduzir e apoiar.  O yoga não descreve a divindade (Íshvara) como possuidor de alguma forma, ao invés disso, procure a vibração, o som da criação universal, o mantra OM. O yogi indiano T.K.V Desikachar explica que quando dizemos OM, devemos pensar nele como a representação sonora de Íshvara. “Sempre que cantarmos esse som devemos nos dar o tempo necessário para que a nossa mente considere o que ele realmente significa”, aconselha. Para superarmos os obstáculos, cada um deve buscar aquilo que lhe traz resultados, seja a auto-observação, a respiração consciente, a meditação, entoação de mantras ou a devoção. O importante é ter consciência de criar espaço para si mesmo e sua mente.

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