Os oito passos do yoga

A prática milenar do yoga tem como registro mais antigo os Vedas, as escrituras sagradas datadas de 1500 a.C. Na obra Yoga Sutras, do sábio indiano Patañjali, entre 400 e 200 a.C., foi sistematizada por meio de 196 aforismos, frases curtas e sucintas, distribuídos em quatro capítulos que falam de ética, filosofia e como aquietar os turbilhões da mente. A obra mostra que a prática de yoga é um sistema filosófico dividido em oito passos: yamas e niayamas (obrigações morais e observâncias); ásanas (posturas); pranayama (respiração consciente para o controle da energia vital); pratyahara (controle dos sentidos); dharana (concentração); dhyana (meditação) e samadhi (iluminação por meio da meditação completa).



Passo 1 – Yamas (obrigações morais)
Os cinco yamas são obrigações morais que preparam o comportamento do praticante para entrar na filosofia yogue e afastar as perturbações mentais que podem distanciar o crescimento espiritual: 1) Ahimsa, a não-violência contra o outro ou contra si mesmo envolve evitar agredir o seu corpo com práticas que possam machucá-lo, evitar pensamentos de ódio e ofender ou agredir verbalmente. 2) Satya, a verdade em palavras, pensamentos e ações consigo mesmo ou com o outro. 3) Asteya, não roubar nem invejar os bens ou ideias alheias. 4) Brahmacharya, apesar da tradução estar relacionada ao celibato, significa a moderação no sexo e na alimentação, por exemplo, como forma de preservar a sua energia em harmonia. 5) Aparigraha, não cobiçar. Uma forma de alertar para a necessidade do desapego como um meio de evitar o sofrimento advindo da ideia de que a felicidade está na posse de bens materiais ou de alguém.


Passo 2 – Niyamas (observâncias)
Os cinco niyamas são princípios que devemos observar com disciplina em nosso cotidiano. 1) Saucha, a pureza nos planos físico, emocional e mental envolve comer alimentos saudáveis e manter o corpo e as emoções limpas evitando as toxinas do ódio, cobiça e orgulho. 2) Samtosha, o contentamento explica que a felicidade deve ser um sentimento independente dos acontecimentos externos ou de outra pessoa. A paz e felicidade dependem de como você interpreta e compreende o que acontece com você. 3) Tapas, a austeridade, ou o esforço, para alcançar um objetivo diante de dificuldades é uma forma de não desistir diante dos seus limites naturais para alcançar a autorrealização. 4) Svadhyaya, o estudo de si mesmo ou da literatura sobre a filosofia yogue. É importante que essa busca do conhecimento não seja apenas teórica, mas que seja usada para mudar a forma de encarar a vida. 5) Ishvara, a autorrendição e devoção a divindade. É reconhecer que existe uma ordem superior à qual nossa essência divina está ligada.

Passo 3 – Ásana (posturas)
Muito além das posturas físicas, os ásanas são formas de transformar o corpo para a circulação da energia, para o desenvolvimento do foco, para a percepção do corpo por meio da conexão da sua mente e espírito. As posturas procuram normalizar as funções de todo os sistemas do organismo (respiratório, metabólico, circulatório, nervoso, digestivo e eliminatório), trabalhando partes específica do corpo físico e sutil. Com a prática dessas posturas inspiradas nos animais, despertamos forças que nos levam ao equilíbrio e trazem vitalidade.

Passo 4 – Pranayama (respiração consciente)
É o controle e expansão da força vital por meio da respiração consciente. São quatro fases: inspirar (púraka) recebendo a energia vital, segurar com pulmões cheios (kumbhaka) absorvendo essa energia, expirar (rechaka) representando a entrega, e segurar com os pulmões vazios (shúnyaka) momento em que controlamos as ondas mentais. Esses exercícios variam do mais intenso (para trazer vitalidade) ao mais relaxante (para harmonizar pensamentos e emoções). Uma forma de fortalecer o sistema nervoso, massagear os órgãos internos, expandir a capacidade respiratória e, mais importante, observar-se ao acalmar a mente.

Passo 5 – Pratyahara (controle dos sentidos)
Começa aqui a transição entre os aspectos de trabalhos externos (yama, niyama, ásana e pranayama) e internos (dharana, dhyana e samadhi), ou seja, a passagem da consciência do corpo físico para o sutil. Em pratyahara começamos a controlar as nossas ondas de pensamentos. “Yoga é a contensão dos turbilhões da mente" (yoga chitta vritti nirodhah), diz o Yoga Sutra (I - 2). Este é o momento de tranquilizar as emoções para que possamos iniciar o caminho da meditação.

Passo 6 – Dharana (concentração)
Com a mente aquietada começamos a concentração em um objeto, algo que não se move e que você projete em sua mente a partir do ajna chakra. Patañjali sugere fixar o olhar na chama de uma vela. A parte mais importante é que você não deve julgar o que vê: “a vela está se movendo rápido”, “que bonita a cor dela” etc. Ao fazer esses julgamentos, sua mente estará ativa. Por isso, apenas observe a imagem. Pode ser uma flor, o símbolo OM ou uma mandala, por exemplo. A mente precisa aquietar como se ela estivesse relaxando em shavásana. Evite música, para que sua atenção não se direcione para o exterior. Se vierem pensamentos ou barulhos, não se sinta irritado por falhar, pois isso também vai dispersar a sua mente. Apenas volte a atenção calmamente para o seu objeto de concentração.

Passo 7 – Dhyana (meditação)
Aqui você está em meditação e venceu as flutuações da mente por meio da concentração. Ainda que comece com um minuto, cinco, dez ou vinte, até chegar a uma hora ou várias horas. O avanço vai depender da sua disciplina e dedicação.

Passo 8 – Samadhi (iluminação)
Esse é o objetivo final do yoga: o acesso aos mais profundos níveis da consciência leva à iluminação e libertação da alma. Você sente bem-estar, sem nenhum pensamento, e conquista o domínio do corpo e da alma.


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