Chakras: como os canais do corpo sutil influenciam nosso corpo físico


Nas aulas de yoga são comuns os questionamentos sobre como funcionam os chakras, os centros energéticos de nosso corpo. Para isso, vamos conceituar o que são esses pontos e como eles atuam em nosso corpo físico.

Os chakras (ou cackras, “roda”) são pontos energéticos (ou centros eletromagnéticos) projetados em nosso corpo sutil. Na tradição antiga do yoga indiano o propósito da prática sobre os chakras é servir como suporte para a meditação. Já na Nova Era (movimento que se espalhou pelas comunidades religiosas nas décadas de 1970 e de 1980), os chakras tomaram outra definição e função (além das cores do arco-íris que originalmente não existiam). Esse conceito "atualizado" dá conta que através do chakras a força vital (prana) se move e pode ser manipulada por meio de exercícios psicofísicos. 

Além dos sete principais chakras, temos os canais nadí (do sânscrito “corrente”) que seriam em número incontável, mas três são importantes para o yoga: idá (narina esquerda), pingalá (narina direita) e sushumná (conduto central no interior da coluna vertebral). Esse sistema está ligado à energia kundalini, localizada na base da coluna, que deve ser despertada para alcançar a iluminação espiritual. Segundo o tantra, antiga tradição indiana de práticas rituais, esse despertar seria resultado de profunda meditação, iluminação e êxtase.  A energia subiria do chakra da base, Muladhara, pelo canal central, até chegar ao chakra da coroa, Sahasrara, no topo da cabeça. Em termos físicos, seria a sensação de uma corrente elétrica ao longo da coluna vertebral.

O professor uruguaio de yoga, Pedro Kupfer, observou em suas pesquisas junto ao Ṣaṭcakranirūpāṇa, um tratado tântrico escrito em 1526 por Pūrṇānanda Svāmi, que o propósito da meditação no sistema dos chakras é a compreensão de Paramānanda, a Suprema Felicidade. E vai além, o professor ressalta que os chakras "não devem ser considerados realidades físicas ou sutis, mas superimposições deliberadas sobre o corpo material". Ou seja, não estão ali fisicamente. A energia vital, prana, é a Consciência Ilimitada no corpo sutil e não uma força de restauração da saúde ou do equilíbrio vital. "O corpo funciona como um receptor de prana cósmico, captando energia do ambiente através dos chakras, que vibram em consonância com o samskara (tendências subconscientes) de cada um", completa Kupfer ao conceituar os chakras

A meditação pode ser guiada de acordo com a natureza de cada chakra, por exemplo, 
a concentração no Anāhata, o chakra do coração, desenvolve a compaixão, o perdão, a paz e a harmonia. É possível usar os chakras como pontos de concentração durante a meditação ou até  nas posturas de yoga, mas tenha em mente que não existe um "alinhamento" de chakras. O uso dos chakras para curas e equilíbrios pode estar no campo de um "processo sugestivo" de cura. O que há são bloqueios desses centros energéticos devido a tensões ou baixa autoestima, por exemplo. Ao praticar posturas que correspondem a cada chakra, podemos abrir caminho para uma maior consciência.

Importante observar que as cores do arco-íris comumente representadas nos chakras são uma criação moderna, especialmente por meio das interpretações das escrituras de integrantes da Sociedade Teosófica, no século 19. Mais recentemente, o livro, editado em 1977, "Nuclear Evolution: Discovery of the Rainbow Body" do escritor espiritualista inglês Christopher Hills, justifica que as cores do arco-íris são visíveis no espectro da radiação eletromagnética. O tema das cores também foi popularizado pela escritora e terapeuta norte-americana, Anodea Judith, no livro "Rodas da Vida - Um Guia do usuário para o sistema de chakras", publicado em 1987, em meio ao movimento da Nova Era. Originalmente, segundo o shastra (escritura) "Satchakra Nirupana", elaborado por volta de 1526, as cores dos chakras estão associadas aos cinco elementos. Elas seriam as seguintes: ocre para o chakra básico, branco para o sexual, vermelho para o plexo solar, cinza para o cardíaco, prata para o da garganta, branco ouro para o chakra do intercílio e luz branca para o coronário. Na figura abaixo, é possível ver a transformação da representação dos chakras:

As menções mais antigas dos chakras apareceram nas Upanishads (comentários sobre os Vedas). No século 13 EC, o "Goraksha Sataka", um texto antigo sobre Haṭha Yoga, atribuído ao sábio Goraksha, forneceu informações sobre os poderes adquiridos pelo despertar da kundalini e pela meditação sobre os chakras. 




Siga-me nas redes sociais:

Comentários

  1. Há explicação para as cores dos chakras serem opostas às do arco íris?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O movimento chamado Nova Era atribuiu cores do arco-íris aos chakras, que originalmente não tinham essas cores. Um dos motivos é fazer uma referência com a cromaterapia.

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas